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Procura por produtos com baixas emissões de carbono trará oportunidades a pioneiros

 

Produtos alternativos, com baixas emissões de carbono, particularmente no setor industrial, podem ter um incremento de custo superior a 50% em comparação com produtos de referência. No entanto, à medida que as novas tecnologias ganham escala e a intervenção governamental aumenta, irá observar-se uma redução dos preços destes produtos alternativos, o que representará oportunidades para as empresas pioneiras em opções verdes. Esta é uma das conclusões do relatório “Winning in Green Markets: Scaling Products for a Net Zero World”, publicado pelo Fórum Económico Mundial em colaboração com a Boston Consulting Group (BCG), que examina como as empresas podem comercializar a sustentabilidade, encontrando, criando e moldando os mercados verdes.

Antonia Gawel, Head of the Climate Change do Fórum Económico Mundial, afirma,

“Esta década traz-nos a oportunidade de observar um crescimento massivo de soluções climáticas e a criação de grandes mercados para materiais, produtos e serviços com baixas emissões de carbono”,

Acrescentando que,

“as empresas e os governos têm um papel crucial a desempenhar, fornecendo capital, tecnologia, política e a legislação necessários para cumprir atempadamente os nossos objetivos climáticos propostos. Este ano, a reunião em Davos que junta os maiores líderes mundiais, irá focar-se no aceleramento do investimento climático e respetiva ambição”.

De acordo com o relatório, à medida que as tecnologias verdes escalem, o premium de preços irá diminuir ou desaparecer por completo, sendo que a paridade de custos também dependerá das políticas governamentais locais. Não obstante, até lá as empresas pioneiras nestas tecnologias deverão encontrar uma forma de compensar os custos mais elevados e transformar o “premium verde” numa receita, convertendo as baixas emissões num valor de negócio. A Ørsted, a Tesla e a Beyond Meat são exemplos de empresas que extraíram vantagens de serem pioneiras, criando uma oferta verde convincente e categórica antes de atingirem a paridade de custos, aponta o relatório. Procura crescente de materiais e serviços ecológicos

Um inquérito da BCG sobre sustentabilidade, em junho de 2022, mostrou que, apesar de 10% dos consumidores escolherem produtos sustentáveis para “salvar o planeta”, este número é cerca de duas a quatro vezes superior (20%-43%) quando a sustentabilidade está ligada a outros benefícios, como saúde, segurança e qualidade. O valor aumenta outras duas a quatro vezes (cerca de 80%) quando barreiras como a conveniência, falta de informação e custo são mitigadas. Para as empresas que reconhecerem a oportunidade de negócio mais cedo, existe um mercado, em grande parte inexplorado e em rápido crescimento, disposto a pagar por produtos verdes.

Até novembro de 2022, 1.957 empresas tinham estabelecido objetivos de redução certificada de emissões de base científica e outras 2.103 comprometeram-se a defini- los. Um inquérito recente a 81 membros da Aliança dos Líderes Climáticos do Fórum Económico Mundial concluiu que, embora as empresas já paguem um premium por tecnologia verde, a maioria não passa o aumento de custo para o consumidor. As razões apontadas para esta absorção são o “investimento em sustentabilidade, a necessidade de garantir acesso a tecnologias promissoras e a proteção contra potencial legislação climática no futuro”, refere o inquérito. Desequilíbrio entre oferta e procura irá gerar uma “escassez verde”

Apesar da substancial procura por materiais verdes, a oferta não está a responder ao ritmo necessário, criando uma escassez no mercado verde. De acordo com o relatório, na maioria das principais cadeias de valor, os intervenientes a jusante com compromissos de descarbonização cientificamente comprovados ultrapassam largamente a quota dos intervenientes a montante. Esta diferença de quota de mercado pode chegar a ser superior a 20 pontos percentuais.

De acordo com o relatório, em 2030 este diferencial deverá ser mais vincado na indústria dos plásticos e produtos químicos verdes, onde a capacidade produtiva não acompanhará a procura dos consumidores. Em contrapartida, embora o aço verde esteja em falta atualmente, os produtores anunciaram planos para aumentar significativamente a capacidade produtiva nos próximos anos, prevê a análise.Transformar compromissos ambiciosos em valor para o cliente

As empresas a jusante da cadeia ainda sentem dificuldades para desenvolver produtos neutros em carbono apelativos para os consumidores. O relatório detalha seis ações que as empresas devem implementar para comercializar a sustentabilidade eficazmente:

  • Delinear um portfólio verde para um mundo neutro em carbono;
  • Definir propostas de valor baseadas nestas ofertas verdes;
  • Estabelecer relações com os clientes com base nos produtos verdes;
  • Criar uma estratégia de pricing verde;
  • Desenvolver e estimular um ambiente de mercado correspondente;
  • Evoluir para prosperar com os principais catalisadores do mercado;

Patrick Herhold, Managing Director & Partner da BCG e coautor do relatório, defende

“Os benefícios da ação climática são claros e os custos da inação representam uma ameaça para toda a humanidade”,

Considera que,

  “se tornou um imperativo que as empresas assumam ações decisivas. Representa não só uma oportunidade para liderarem um mercado em crescimento, como também para moldar e crescer os mercados verdes que irão transformar a economia”.

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