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Os resíduos nacionais que apresentam potencial energético. Quais as novas fontes de energia em Portugal.
Os resíduos nacionais apresentam potencial energético. Em Portugal, 68% dos biocombustíveis produzidos resultam, por exemplo, de óleos alimentares usados.
Óleos alimentares, margarinas, molhos, borras de café, entre outros, são os resíduos nacionais que apresentam potencial energético. Na premissa que o lixo é um luxo, a possibilidade de transformar resíduos em novas fontes de energia torna-se essencial nos dias que correm. Falamos de “Waste to Energy”.
Ana Calhôa, secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA), não tem dúvidas e acrescenta ao debate: “Através da recolha, tratamento e transformação de resíduos, é possível valorizá-los enquanto uma matéria-prima com impacto positivo no ambiente. Até porque os biocombustíveis de resíduos e outros avançados têm uma emissão de GEE* 83% a 98% menor que os combustíveis fósseis.”
Por outro lado, a importância dos resíduos que apresentam potencial energético, é ainda maior face às metas ambientais. Em Portugal, a partir de 2024, será obrigatória a recolha de resíduos orgânicos e biorresíduos.
Para tal, vários municípios já avançaram com inúmeras ações de sensibilização e projetos piloto. Pretende-se desta forma consciencializar os cidadãos para que mudem alguns hábitos de descarte comum.
Dentro destas medidas, destacam-se as vantagens económicas, associadas às taxas de gestão associadas à fatura da água. Por outro lado, explica-se que os resíduos descartados no lixo comum, tendem invariavelmente a terminar em aterros. Uma vez aí, aumentam o grau de contaminação de solos, aquíferos, libertando gases com efeito de estufa, quando incinerados.

Resíduos com potencial energético e incorporação numa economia circular
Integrar estes resíduos com potencial energético na circularidade económica será outro objetivo a ter em mente. Para além do óbvio crescimento na sua introdução no fabrico de biocombustíveis, esperam-se mais oportunidades. Até porque, os biocombustíveis “normais” têm um máximo de 7% de mistura possível nos FAME, por agora.
Para Ana Calhôa, o crescimento atual “ (…) apresenta um cenário bastante positivo e favorável para que estes continuem a ganhar destaque no panorama das alternativas energéticas na mobilidade”.
E a transição neste setor será fundamental acontecer nos próximos anos, perante as normas da União Europeia. A partir de 2035, deixa de ser possível a venda de veículos individuais a combustão, o que terá forte impacto na mobilidade.
A ideia é, porém, acrescentar mais valias e ganhar valor nestes resíduos que sejam transformados. Desde compostos, a biogás, a resposta para a sustentabilidade passa claramente por um mix energético: “Valorizando esta fonte de energia sustentável para diferentes fins além da mobilidade, seja ao nível da indústria, consumo doméstico ou comercial” declara a secretária-geral da ABA.
*- Gases com Efeito de Estufa