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Não matemos o mensageiro, dêmos importância à mensagem

 

Numa altura em que está a decorrer o chamado “triálogo”, isto é, negociações sobre o regulamento das futuras emissões de CO2 admissíveis para automóveis de passageiros e veículos comerciais ligeiros, entre o Parlamento Europeu, os governos dos Estados-Membros no Conselho Europeu e a Comissão Europeia, e em que a Europa atravessa uma difícil situação económica que decerto terá repercussões nos anos seguinte, parece-nos oportuno abordar mais uma vez o tema da diversidade tecnológica.

Sem entrarmos em análises económicas profundas, para as quais nem estaríamos capacitados, sem dúvida que os principais fatores que afetam a economia Europeia, e que têm como origem a guerra na Ucrânia e as consequentes sanções impostas à Rússia, são o aumento dos preços da energia e a rutura das cadeias de abastecimento.

A dependência da Europa da energia Russa, está a impulsionar a inflação para níveis que há muitos anos não se verificavam, e a exercer uma carga negativa sobre as empresas e as famílias europeias. Para além da energia, e apenas como exemplos, é de relevar que a Ucrânia e a Rússia são exportadores de aproximadamente um terço do trigo e da cevada de que o mundo se alimenta, para além de serem grandes produtores e exportadores de metais, de minérios, e de um conjunto de outros componentes de diversas cadeias de produção.

Naturalmente que as ruturas destas cadeias de abastecimento, não só levaram ao aumento dos custos das muitas matérias-primas como, consequentemente, implicaram a subida dos custos de produtos básicos, como os alimentos e outros bens e serviços.

Sem distorcer as imprescindíveis leis da concorrência do mercado único Europeu, encontramo-nos numa situação em que se torna difícil atingir um equilíbrio, e em que, no que à energia diz respeito, consigamos garantir o seu fornecimento a preços acessíveis.

Tendo isto em consideração, e trata-se apenas de “saber da experiência feito”, não será de repetir a dependência, nem de apenas um vetor energético, nem de apenas um, ou alguns, poucos, fornecedores.

Sem dúvida que a indústria automóvel europeia está em transição, em grande parte resultado da pressão legislativa, para a mobilidade elétrica, o que contribuirá para a redução das emissões de CO2 e, principalmente, para a melhoria da qualidade do ar nas cidades e centros urbanos. Contudo, esta única solução imposta, por ser única, implicará o risco de novas dependências.

Há que salvaguardar o papel fundamental que a diversificação tecnológica tem na garantia da independência energética da Europa. Tal como foi salientado pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen no seu discurso sobre o Estado da União de 2022:

“ o Lítio e as terras raras em breve serão mais importantes que o petróleo e gás”

mas, na realidade, a maior parte do lítio utilizado nas baterias para veículos automóveis provem de um país, a China, e outros elementos, de muitos poucos, alguns com modelos de governação que também não inspiram grandes garantia de abastecimento. Paralelamente, como aliás Portugal é um bom e recente exemplo, as populações manifestam-se ferozmente contra a exploração de minérios imprescindíveis à fabricação das baterias.

Artigo de Opinião de João Reis, Diretor de Comunicação, Apetro

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