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Falta de biomassa atrasa desenvolvimento do setor, mesmo com apoios do Governo

Embora com dois concursos lançados em 2023, e num total de 45 candidaturas, o alerta revela que falta quantidade e qualidade na matéria-prima para o setor da biomassa. Ainda assim, há resiliência e uma aposta em ecopontos florestais.

Existe potencial sim, mas não há matéria-prima suficiente. É esta a conclusão e o alerta que chegam do Centro de Biomassa para a Energia (CBE), mas também da Associação dos Produtores de Energia e Biomassa (APEB) sobre o setor em Portugal. Apesar dos apoios dados pelo Governo, nomeadamente com o lançamento de dois concursos para dinamizar as operações, entre eles, para a construção de novas centrais, algumas empresas pretendem retirar os seus investimentos na área da biomassa.

Além disso, sabendo que para produzir 1 MW de energia elétrica, são necessárias duas toneladas de biomassa, e com preços que ultrapassam os 45 euros por tonelada de matéria-prima, torna-se ainda mais incomportável para os potenciais produtores operaram no país. Não havendo apoios que resistam, acrescenta-se a falta de material necessário. Contudo, há quem ainda resista e outras alternativas podem ser consideradas.

Imagem colorida de uma paisagem campestre, com toros de madeira, em foco. Contudo, em Portugal o alerta lançado aponta que a falta de biomassa atrasa o desenvolvimento dos projetos, mesmo com apoios do Governo.

Falta de biomassa atrasa desenvolvimento juntamente às matérias primas a preços sobrelevados

De acordo com a APEB, os apoios governativos servem aos produtores que não conseguem outro tipo de financiamento. Além da matéria-prima, os preços de mão-de-obra e combustíveis (gasóleo) também escalam vertiginosamente. Como tal resulta um óbvio desinteresse de várias empresas, com centrais de transformação à venda no mercado.

Ainda assim, há quem permaneça. Dos concursos lançados, um deles pretende apoiar 19 autarquias, com candidaturas provenientes de Faro, Vila Real e Coimbra.

De acordo com Carlos Alegria, presidente da APEB, a existência de mais biomassa nas regiões norte e sul do país, resultante dos vários incêndios, poderá ser a faísca ao interesse de alguns privados. Acrescenta ainda que “A matéria-prima, se bem gerida e adequadamente recolhida, poderá ser suficiente, mas efetivamente existem problemas nalguns locais. Outra questão, não é apenas a quantidade, mas sim a sua qualidade.” Por outro lado, afirma também que para o setor funcionar “Tem que haver disponibilidade fiável e sustentável da biomassa em quantidades suficientes e com preços razoáveis.”

Já o Governo, na forma do Ministério do Ambiente, lançou também apoios à criação de ecopontos florestais e de compostagem (num total de 36 candidaturas). Nestes ecopontos pretende-se que as autarquias armazenem os resíduos resultantes da limpeza dos terrenos. Evita-se, desta forma, queimas e queimadas de material, e maiores emissões de CO2. Estes excedentes deverão depois seguir para compostagem ou para as centrais de biomassa em operação. A CBE defende ainda que, neste ponto, deva ser incluído toda a rede logística associada, para uma maior quantidade acumulada de material.

Outra das perspetivas, é que as centrais façam um aproveitamento elétrico e térmico. Contudo, já existe a informação que a rede elétrica não consegue suportar a injeção de potência a partir das centrais. Os riscos apresentados são a insegurança de fornecimento, com potenciais quebras de energia.

Desta forma, torna-se claro que deverá existir uma contribuição de toda a cadeia de valor, para que o setor venha a ter o reconhecimento que merece. Este é apoiado pelas várias associações, incluindo, por exemplo, a Associação ZERO que vê com bons olhos os resultados concursais.

 

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