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“Carros elétricos não são acessíveis a todos”

 

Helder Pedro, secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal, esteve no “Money Money Money” para comentar o atual momento do mercado automóvel e as consequências da descarbonização

O poder de compra dos portugueses está a encolher, a inflação tem batido recordes de várias décadas, os salários não acompanham o aumento do custo de vida e muitas famílias estão a cortar drasticamente no consumo. Apesar da conjuntura, o mercado automóvel continua a recuperar: a venda de carros está a crescer 1,8% este ano, e só no mês de novembro deu um salto de 20% em termos homólogos. Ainda assim, as vendas continuam bastante abaixo dos níveis pré-pandemia.

A crise energética tem levado os consumidores a optar pelos carros elétricos e híbridos, que registam uma subida nas vendas, aponta Hélder Pedro. Há quatro anos “representavam 0,6% e o diesel 75%”, sublinha o secretário- -geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).

Uma “mudança de paradigma” que não é suficiente para a melhoria do sector automóvel. “As vendas estão 32% abaixo” do registado em 2018, antes da pandemia que encerrou fábricas e atando. É o “o único [sector] que ainda não recuperou”.
Em 2023 ainda haverá constrangimentos, devido a falhas no fornecimento de semicondutores, situação que irá normalizar-se “no final” do próximo ano”, com a ajuda do programa europeu para desenvolver novas fábricas destes componentes. Com a inflação a provocar aumentos no custo dos combustíveis e a economia a viver “constrangimentos” com o preço das matérias-primas e a guerra na Europa, o sector está “apreensivo”. Apesar de ainda haver “atrasos” na entrega de carros, a tendência é para haver uma “normalização”.

Mas o comércio automóvel prepara-se para a “mudança de paradigma”, trazida pela descarbonização. Em 2035, a Comissão Europeia não irá autorizar vendas de veículos sem “emissões zero”. A indústria “é parte da solução, com modelos elétricos ou eletrificados”, porém os “poderes públicos devem fazer a sua parte”, aconselha Hélder Pedro.

Esta tecnologia “não é acessível à totalidade dos cidadãos e tem um custo médio superior ao motor de combustão”. Em Portugal, o subsídio para a compra de carro elétrico é de €4 mil, na União Europeia “há países com €9 mil”. Acresce ainda a limitação da rede de carregamento, com “50% dos pontos de carregamento” entre os 27 países da União Europeia localizados na “Holanda e Alemanha”.

Assumido é que a “morte anunciada dos motores de combustão éum exagero.”As marcas estão a desenvolver novos motores, a “pensar na tecnologia de combustíveis líquidos descarbonizados”. O que evitaria “o desemprego na indústria automóvel europeia”, alerta o dirigente.

Em Portugal há “um milhão e meio de carros com mais de 20 anos a circular, porque as pessoas não têm capacidade económica para o trocar, quanto mais por modelos de energia alternativa”.

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