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Captura de carbono rumo à neutralidade carbónica, nos planos da União Europeia a curto prazo

 

A União Europeia corre contra o tempo. A captura de carbono, de forma a atingir as metas ambientais terá de aumentar. E até 2050, o volume de CO2 a ser aprisionado terá de atingir os 450 milhões de toneladas, face aos apenas 50 milhões capturados em 2022.

Foi a 6 de fevereiro que se tornaram conhecidas as estratégias oficiais da Comissão Europeia (CE) para a captura de carbono. Querendo atingir a neutralidade carbónica, e com metas de redução até 55% durante esta década, muito há por fazer. E a descarbonização da indústria ou transportes, apenas, não chega.

“Alcançar a neutralidade climática em toda a economia até 2050 exigirá remoções de carbono para contrabalançar as emissões residuais de setores difíceis de reduzir na UE.” afirma a Comissão Europeia no documento oficial, a que Bloomberg Green teve acesso.

A CE pretende, deste forma, que o setor de energia faça a captura de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono fóssil e biogénico por ano em 2050. Outros 100 a 200 milhões deverão ser capturados diretamente da atmosfera. Geram-se assim créditos de remoção, que possam ser usados como “neutros” em diferentes aplicações.

Por sua vez, a gestão de carbono industrial deverá ocorrer por três vias: remoção da atmosfera, captura e armazenamento, ou captura para utilização em produtos ou combustíveis sintéticos.

Fotografia colorida do edifício da Comissão Europeia, órgão responsável pelas normativas europeias, aplicáveis aos Estados membros. No caso, a captura de carbono, inicialmente proposta, terá de aumentar rapidamente nos anos mais próximos, por forma a serem atingidas as quotas ambientais de emissões previstas.

Captura de carbono em estruturas vulcânicas e maior produção de biocombustíveis – duas hipóteses bem reais

Embora ainda em fase de estudo, o armazenamento geológico em antigas minas de sal, ou antigas estruturas vulcânicas, parece plausível. Em Portugal já existiram projetos piloto, como o Armazenamento Subterrâneo do Carriço, na região Oeste do país. Neste caso, a estrutura explorada pela REN permite armazenar volumes de gás natural e funcionar como fonte energética.

Embora os investimentos e infraestruturas sejam realmente dispendiosos, as análises permitem pensar numa captura de carbono eficiente. A título de exemplo, dois investigadores portugueses (clique para aceder ao artigo) propõem a hipótese de captura e armazenamento do equivalente a 125 anos de emissões. Onde? Num vulcão submarino, extinto, localizado a oeste da costa nacional, designado “Fontanelas”. A ser possível, o processo de sequestro seria similar ao que ocorre na Islândia.

Por outro lado, e mais imediato, será a transição dos combustíveis usados nos diferentes setores europeus.

A geração de biocombustíveis ou energias com menores emissões, aliada a boas práticas e políticas de apoio, deverá ser implementada de forma ainda mais rápida. A captura de carbono é essencial, mas a mudança de paradigma, também o é. A redução de emissões, implica uma transformação na economia, bem como nos hábitos de consumo da população. E a introdução de combustíveis de baixo carbono nos setores críticos europeus, nomeadamente transporte pesado de mercadorias e, agricultura, podem auxiliar nas ambições ambientais. E políticas.

 

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