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A desigualdade na transição energética

 

Por mais trágico que possa parecer, continuamos com uma visão muito redutora sobre a forma como lidamos com a descarbonização automóvel (e não só). A desigualdade na transição energética é apenas um exemplo em como os países desenvolvidos veem os restantes.

“Em Portugal, se o meu veículo chegar ao fim de vida, ele é desmantelado de acordo com regras. Se, por outro lado, o veículo usado é exportado para África, a “performance ambiental é dramática” afirma Francisco Ferreira, presidente da associação ZERO.

E a verdade é essa. A desigualdade na transição energética não passa apenas pela forma (e local) de onde extraímos as matérias-primas necessárias para a sua própria concretização. Mas daquilo que fazemos quando criamos o nosso lixo. Passando pelos têxteis, chegando ao nosso objeto de locomoção. Os carros usados têm sido exportados para os países africanos sem qualquer ordem e cuidado, gerando um mercado muitas vezes paralelo que, no país de origem, irá criar ainda mais impacto ambiental.

Sem inspeção, com falta de peças essenciais, sem exigências de segurança, é assim que os nossos automóveis chegam a África. Quem somos nós para fazer quaisquer exigências ambientais aos mesmos países que continuam a ser usados para benefício de outros? Onde está a sustentabilidade de justiça ambiental ou climática?

Fotografia colorida de Francisco Ferreira, presidente da associação ambiental ZERO, que menciona a desigualdade na transição energética, através da venda de carros em fim de vida, poluentes e sem segurança, para países em vias de desenvolvimento.

Opções para mitigar os danos

“Podemos vencê-los, não nos juntando a eles!”. A frase parece óbvia, mas num mundo muito mais complexo, as soluções para impedir a situação podem ser menos claras. Uma das propostas, imediatas, será proibir a exportação de carros com determinada idade – mas isso seria válido em qualquer condição e em qualquer região do globo. É assim importante reconhecer o esforço dos países destinatários. Em 2020, os 14 membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, aplicaram um limite de 10 anos aos veículos importados.

Ainda assim, infelizmente, podemos dizer que à medida que a transição se torna mais elétrica, grande parte do planeta continua num atraso sem precedentes no que toca a novas formas de energia. Os principais responsáveis pela desigualdade energética? Nós. Um mundo global e uma sociedade sedenta de modernidade, não olhando à (in)justiça que causamos.

 

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